Por Francis Ivanovich:
Esta semana que se encerra, vimos e ouvimos outra vez a Cultura como pauta nos telejornais e na imprensa de modo geral. Vale destacar as entrevistas dadas por dois integrantes do grupo de trabalho responsável pela área, o secretário nacional de Cultura do PT, Márcio Tavares (FOTO), e a atriz Lucélia Santos. O grupo ainda é composto pela deputada federal pelo Psol de Minas Gerais, Áurea Carolina, a cantora Margarete Menezes, o poeta Antônio Marinho, e o ex-ministro da cultura Juca Ferreira.
Marcio Tavares destacou à Globonews o desmonte provocado pelo atual desgoverno que encerra sua trágica história em 31 de dezembro; já Lucélia, também na Globonews, salientou a importância de ouvir o setor.
Nós que atuamos de alguma forma no setor cultural respiramos um pouco mais aliviados, pelo menos ao ver que a Cultura é outra vez pauta importante, além da expectativa de dias melhores.
A Cultura, mesmo sob a agressão do atual desgoverno incompetente e a pandemia, mostrou sua vitalidade e capacidade de resistência, superação e reinvenção. O Setor Cultural emprega direta e indiretamente no Brasil cerca de 5 milhões de pessoas, representando 6% da mão de obra de trabalho, segundo dados do IBGE. Um setor tão importante quanto Educação, Saúde e Segurança.
Como destacou a atriz Lucélia Santos na recente entrevista, o setor precisa ser ouvido nesse processo de transição, sim, e após também, com a posse do presidente Lula, sempre. Por sua vez, os diversos atores que compõem o segmento também precisam se apresentar para o debate e colocar suas necessidades, problemas e alternativas.
Não adianta somente reclamar sentado no sofá diante da tela do celular, é preciso participar do processo, criar representatividade, apresentar propostas. Um dos maiores equívocos do setor, nas suas diversas áreas, é a desorganização, é o eterno “salve-se quem puder” ou o “meu pirão primeiro”. Essa prática fragiliza muito o setor e os seus respectivos campos de atuação.
É muito bom outra vez ver que a Cultura é prioridade para o novo governo federal, com isso, agora é hora de arregaçar as mangas, fazer diagnóstico da terra arrasada, dialogar e buscar soluções que possibilitem aos artistas, produtores culturais, técnicos, enfim, toda a rede, trabalhar num ecossistema mais viável e autossustentável.
O atual quadro é grave, como apontou Márcio Tavares, tanto que sentimos diariamente no coração, na alma e no bolso a angústia sobre nosso futuro, a gente não sabe como vai sobreviver.
A Cultura está de volta ao debate, mas é preciso que se participe efetivamente dele, com diálogo e representatividade de verdade, sem papo furado e queixas rasas ou vazias.
*Francis Ivanovich é jornalista, cineasta, produtor do Concurso Nacional de Dramaturgia Flávio Migliaccio e integrante do Núcleo de Cultura do Saravá Cultural PT.
Torcendo para que realmente melhore a partir de 2023, a cultura e educação nunca estiveram tão negligenciadas.
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