Por Francis Ivanovich:
Hoje, 16 de novembro, José Saramago faria 100 anos, no mesmo dia do meu aniversário, quando completo 59. Sou fã deste escrito português que tinha vergonha do seu primeiro livro: Terra do Pecado, publicado em 1947.
Li este livro, ou melhor, tentei, de fato a obra não é o Saramago que conhecemos de Jangada de Pedra, Ensaio sobre a cegueira, O ano da morte de Ricardo Reis, etc.
Quando eu estive em Lisboa, visitei a Fundação José Saramago, lá travei contato com sua grandeza, seu trabalho, através dos rascunhos, cartas, objetos pessoais, as obras traduzidas em dezenas de idiomas, fotografias, uma verdadeira viagem pelo mundo saramaguiano.
Eu gostava muito do Caderno de Saramago que o autor mantinha na internet, onde comentava diversos assuntos, isso lá pelos anos de 2007 e 2008. Gostava tanto que ousei dialogar com Saramago através de um blog, comentando seus artigos, numa espécie de diálogo pela rede.
Nunca esqueci quando o meu querido amigo Jorge do Bem, proprietário da tradicional Casa Cruz, que já não existe, me perguntou se eu era amigo pessoal do Saramago, tanta era a intimidade que demonstrava ao comentar seus artigos.
Sempre fui um simples fã, admirador da sua literatura difícil, ela requer fôlego.
Hoje, no dia do meu aniversário, alguns amigos me lembraram que eu aniversario no mesmo dia que o escritor, uma alegria, sem dúvida. Saramago era um autêntico escorpiano que escrevia o que pensava, linhas de opinião forte, propositiva, criativa.
No dia da sua morte, 18 de junho de 2010, aos 87 anos, não esqueço que recebi a notícia de manhã, eu me preparava para sair para algum compromisso na cidade.
Sentei-me diante do computador e escrevi uma pequena despedida que publiquei no meu blog, o texto já não recordo mais, só sei que refletia a minha tristeza, era como ter perdido um amigo bem íntimo.
Saramago honrou a língua portuguesa, conquistou o Nobel de Literatura merecidamente, e neste dia dos seus 100 anos – eu nos meus 59 – não poderia deixar passar a data.
Se ele estivesse entre nós, certamente desejaria muitos anos de vida, mas seria inútil, pois Saramago conquistou a eternidade, vai durar 200, 300, 1000 anos.
Já eu, talvez chegue aos 70, e quem sabe alguém um dia se lembre deste que vos escreve.
Francis Ivanovich é jornalista e leitor de Saramago.