Por Luã Reis:
O Carnaval é a maior celebração popular do país, um dos símbolos máximos da cultura brasileira. Além disso, a festa é um grande fonte de renda para milhões de trabalhadores pelo país. O cancelamento da festa no Rio, em outras capitais e cidades, pelo segundo ano consecutivo por conta da pandemia, deve ser observado considerando esses dois fatores: o folclore e a subsistência.
O banimento do carnaval de rua faz sentido do ponto de visto epidemiológico. A pandemia persiste. Há uma crescente no número de casos na cidade, no Estado e no país, provocadas pela variante Ômicron. Embora essa subida não reflita, felizmente, no número de internações e óbitos.
Não faz sentido do ponto de vista epidemiológico manter a festa em locais fechados. Ainda que seja possível de controle da entrada, permitida somente aos vacinados, ambientes fechados são mais propícios de transmissão.
Proibir o público e popular para permitir o privado e exclusivo é uma forma desavergonhada de elitismo. Tudo contrário ao que é o Carnaval, uma festa democrática, devendo ser de todas.
O cancelamento da festa deve ser acompanhado de alguma forma de auxílio aos ambulantes e demais trabalhadores que fazem a festa, precisando dela para sobreviver.
A grande cervejaria, que faz do carnaval carioca a principal vitrine da marca, ganha muito todos os anos com o trabalho precarizados dos ambulantes deveria, juntamente com o poder público, amparar esses trabalhadores.
Campanhas nas redes sociais, como a do MUCA e da Garagem Delas, buscam parcerias para as campanhas de auxílios dos ambulantes. Iniciativas justas e necessárias, mas quem deve assumir a responsabilidade é o poder público e aqueles que tem lucros exorbitantes com a folia.
Os desfiles na Sapucaí devem ser tratados com atenção especial, dado as especificidades. É um ambiente aberto, porém possível de controle.
Além disso, é a expressão máxima da folia, cuja realização impacta na renda de centenas de milhares de pessoas em comunidades pobres. A mercantilização promovida por organizadores, empresas e transmissoras não deve apagar o caráter eminentemente popular da festa.
Sobram questionamentos oportunos: desde a superlotação dos transportes públicos, maiores vetores do vírus, até a autorização em vigor para outros eventos. O carnaval parece ser um bode expiatório, adequado a certa crítica conservadora, recheada de hipocrisia moralista.
Cultura gera emprego.
O maior evento cultural do país só pode ser encarado assim: “Carnaval gera emprego”. Que não haja saída para essa situação que não passe pelo trabalhadores nos barracões, músicos, carnavalescos, ambulantes e foliões.
*Luã Reis é comunicador, Mestre em História e integrante do Núcleo Saravá Cultural.