Por Francis Ivanovich:
O que dizer sobre Gal Costa?
Neste exato momento centenas de jornalistas, milhares de fãs estão escrevendo e postando algo sobre Gal. O dia o lugar que nasceu, a carreira, os sucessos, quando fazia parte dos Novos Baianos, a voz inconfundível.
Vou me deter no susto.
O susto que levamos ao ser informado da partida de alguém querido, como uma artista como Gal. Soube da sua partida por Paulinho Sacramento que me pediu para escrever algo.
Toda partida é um susto, que nos deixa um vazio, principalmente quando essa partida é motivada pela morte.
De manhã cedo, tomava café com Raphael Ruvenal, jovem escritor potente da Baixada, e falávamos sobre a maior tragédia que atormenta o ser humano, a consciência da finitude, a certeza da nossa morte.
Os animais não têm consciência da morte, nós sim, daí essa angústia que nos interpela vez por outra, as religiões, o céu, a esperança da vida eterna num além repleto de beleza e paz.
Desconfio das pessoas que dizem não ter medo da morte. Acho esquisito, pois não conheço ninguém que deseje morrer de verdade. Há sim uma obsessão em se estar vivo. Amamos a vida e ponto final.
Recentemente perguntaram a Fernanda Montenegro se ela tinha medo da morte, a atriz respondeu que era uma pena morrer. Sim, concordo, uma lástima.
Hoje Gal Costa partiu, mas nos deixou sua obra incomparável, as gravações que nos encantam e fazem tão bem. A minha preferida é sem dúvida quando ela brinca com o seu próprio nome.
Agradeço a Gal por sua voz, ela alegrou alguns momentos da minha finita vida. Valeu a pena.
Obrigado, Gal.
Francis Ivanovich é um fã de Gal.