A Cultura necessita de aliados

*Por Francis Ivanovich:

O calendário eleitoral de 2022 divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral – TSE estabelece que a realização de comícios, distribuição de material gráfico, caminhadas ou propagandas na internet passa a ser permitida a partir do dia 16 de agosto. Portanto, faltam poucos dias para a decisiva corrida eleitoral, que já é histórica. Temos a esperança de que Lula seja eleito o novo presidente do Brasil e o país reencontre o seu verdadeiro caminho.

As eleições para governador, senador, deputados federais e estaduais são capítulos à parte desta novela, em cada estado. No Rio de Janeiro, especificamente, o eleitor, a partir de 16 agosto, vai ser literalmente bombardeado por ações de marketeiros que, em vez de ajudar, vão certamente confundi-lo ainda mais. A eleição no Rio não é brinquedo.

Eu, particularmente, adotei um critério para a escolha dos meus candidatos. Escolho os que realmente têm uma identificação e compromisso sério com a Cultura. Na fase de pré-campanha avaliei bem os candidatos às cadeiras estaduais e federais pelo Rio. Uma fato constatei, há bons candidatos que podem realmente colaborar com o presidente Lula para um Brasil do povo.

Recentemente participei no Rio, de uma reunião de pré-campanha de Wadih Damous, cuja pauta foi a Cultura. Não é todos os dias que a Cultura é o prato principal de uma conversa de um pré-candidato. Wadih dispensa apresentações, o reconhecemos como um político comprometido com suas ideias, defesa firme, advogado do presidente Lula.

Fui a essa reunião convidado pelo companheiro de luta na Cultura, Paulinho Sacramento, criador do Comitê de Luta #CulturaGeraEmprego, valeu à pena. Vi e ouvi um pré-candidato à cadeira federal decidido a apoiar as questões da Cultura e, sobretudo, aberto ao aprendizado, à escuta, à parceria com os produtores e artistas.

Não é mais possível que os produtores, trabalhadores da Cultura, técnicos e artistas sejam tratados com eternos pedintes, os imploradores de ajuda e apoio. Temos sempre de repetir, ressaltar, que o segmento cultural, em 2018, antes da pandemia, gerava mais de cinco milhões de empregos, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), representando 5,7% do total de ocupados no país. Cultura gera emprego!

Como um setor tão importante, que na pandemia impediu que as pessoas enlouquecessem ou se matassem por causa da tortura do isolamento social – pois elas podiam ler, ouvir música, ver um filme, etc – pode ser tão maltratado, tão relegado?

A gente sabe que o atual desgoverno odeia a Cultura e seus trabalhadores e trabalhadoras, isso não é novidade, daí não pode causar surpresa o atual cenário. Mas já que estamos com a possibilidade de mudar essa situação com a provável eleição de Lula, não podemos perder a oportunidade de conversar e eleger fortes aliados para o setor, em todos os estados.

Na reunião, o pré-candidato a deputado federal Wadih Damous assumiu o compromisso de ser um ativo aliado da Cultura em Brasília, representando o Rio de Janeiro. Se isto for verdade, não for papo furado, estou com ele. E se eleito, tenha a certeza de que será cobrado.

Nós, os produtores, trabalhadores e trabalhadoras da Cultura estamos de saco cheio de farsas. Portanto, companheiros e companheiras da Cultura, devemos pesquisar, conversar com pré-candidatos a deputados estaduais e federais e ao senado que poderão de fato lutar pelo setor cultural, debatendo e criando soluções inteligentes e viáveis.

A Cultura precisa de novas formas de financiamento e controle, menos burras; uma Lei de intermitência do trabalho cultural, a exemplo do que ocorre na França há muitos anos e que vem sendo defendida e apresentada, há mais de três anos, pelo Núcleo Saravá Cultural; uma aposentadoria especial para os trabalhadores e trabalhadoras; fomento ao audiovisual, regulamentação das relações de trabalho com plataformas de streaming, que hoje estão explorando roteiristas e realizadores; política nacional de valorização e fomento para o teatro, a dança, música, etc.

A Cultura necessita de aliados sérios, há muito trabalho pela frente. Está mais do que na hora da Cultura ter suas cadeiras estaduais e federais, parceiros de verdade, caso contrário, continuaremos a ser tratados como bobos da corte, a cereja de um bolo que nem podemos comer uma fatia sequer.

*Francis Ivanovich é jornalista, autor teatral, diretor da cia. teatral Ensinoemcena, roteirista e diretor de cinema, produtor cultural, criador do prêmio nacional de dramaturgia Flávio Migliaccio e coordenador de comunicação do Núcleo Saravá Cultural.

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