Por Francis Ivanovich:
O Estatuto do Partido dos Trabalhadores em seu Capítulo II, Artigo 259 diz:
A formação política, coerente com a característica plural e democrática do Partido, deve ser estimuladora do exercício crítico, superando o dogmatismo e a retransmissão de verdades prontas. Sua metodologia deve adotar como base a pluralidade de visões e interpretações existentes no Partido e na sociedade, fazendo do debate, da dúvida e da polêmica uma estratégia sempre presente em suas atividades.
Após o resultado das eleições no primeiro turno, principalmente no que se refere à votação para o Senado e Câmara Federal, nos confirma a urgente reconstrução de uma sólida base popular, educada politicamente.
Diante de nós se apresenta um gigantesco desafio, pois a extrema-direita está conseguindo doutrinar de maneira inegável milhões de brasileiros que estão se deixando levar por uma perigosa ideologia.
Ainda há tempo para reverter esse quadro, basta olhar com atenção para o resultado das urnas, pois Lula obteve 57,2 milhões de votos, vencendo a máquina ideológica, comprovando sua imensa força e o desejo de mudança dos brasileiros progressistas.
Não é mais possível abdicar da formação política na base. Não basta Lula vencer as eleições, criar importantes políticas sociais, sem um trabalho paralelo e permanente de educação popular. Não podemos criar um filho apenas lhe dando o total conforto, mimá-lo, sem que ele aprenda a se defender, ter espírito crítico, consciência sobre a vida real.
Um povo educado jamais será doutrinado pela mentira.
Daí a imprescindível necessidade que o próximo governo promova uma urgente revolução educacional, possibilitando às nossas crianças e jovens o contato com a contemporaneidade, a ciência, as artes, a cultura, o futuro, e não amordaçadas, repressão, amarras de uma ideologia que se usa até da religião visando tão somente criar uma sociedade obediente, comportada, e sem espírito crítico.
Recordo o documentário sobre a juventude Hitlerista, que você pode assistir abaixo, que é um bom exemplo do que pode vir a ocorrer no Brasil nos próximos anos, caso o esse projeto ideológico avance ainda mais. A doutrinação da nossa juventude.
O país já conta com 128 escolas cívico-militares, transformadas a partir do programa criado em 2019. Este é um exemplo claro de como este projeto ideológico não pode mais ser subestimado.
As escolas cívicos-militares é um programa tocado em parceria entre os ministérios da Educação e da Defesa, por meio das Forças Armadas. A proposta é implantar, ao todo, 216 colégios nesta modalidade no país até 2023, sendo 54 por ano.
Não tenho dúvidas que se este projeto ideológicos vencer as eleições presidenciais, seu programa de doutrinação do povo brasileiro tomará uma dimensão ainda maior, preparando terreno para a perpetuação de uma ideologia que se disfarça de nacionalista, mas tem na essência um espírito fascista.
O estatuto de PT é claro: A formação política, coerente com a característica plural e democrática do Partido, deve ser estimuladora do exercício crítico, superando o dogmatismo e a retransmissão de verdades prontas.
Estamos enfrentando verdades fabricadas, prontas para serem servidas na bandeja do dogmatismo. Estamos diante de algo muito maior do que imaginávamos. O projeto fascista está indo de vento em popa.
A esquerda brasileira precisa parar de olhar para o próprio umbigo, está na hora de dialogar cara a cara, as forças democráticas precisam se unir, dar as mãos e construir uma forte resistência ao que se apresenta no horizonte político.
A mediocridade de ideias e ações devem ser de fato abandonadas, algo muito maior está em jogo, a nossa própria sobrevivência, a democracia.
Os 57,2 milhões de votos em Lula representam um grito de socorro de brasileiros que não desejam viver sob um regime que pretende impor sua ideologia, em que a lei do mais forte impera, onde um falso patriotismo é publicitado através de ações inteligentes de marketing, fake news, culto a personalidade e intolerância.
Eleger Lula em 30 de outubro representa mais do que uma faixa presidencial verde e amarela, ela é talvez a última possibilidade de salvar a democracia.
Ao vencermos, urge a revolução na educação brasileira, a educação política do povo brasileiro, o reencontro com a democracia plena e a liberdade crítica e de expressão.
A educação será a nossa salvação. Lula é a nossa esperança.
*Francis Ivanovich é jornalista e realizador audiovisual. (foto Ricardo Stuckert)
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