Carmen Costa – a grande dama da música brasileira

Por Paulinho Sacramento:

Carmelita Madriaga, conhecida pelo nome artístico de Carmen Costa (Trajano de Moraes, 5 de julho de 1920 — Rio de Janeiro, 25 de abril de 2007). Filha de Avelina Basílio e Teotônio José Madriaga, os pais eram meeiros na fazenda Agulha, onde ainda pequena, começou a trabalhar como doméstica na casa de uma família de protestantes, foi lá que aprendeu hinos religiosos e demonstrou seu talento de cantora.

Em 1935, veio para o Rio de Janeiro, com apenas 15 anos, morando em diversos morros do Rio e no morro de Santa Rosa, em Niterói-RJ. O primeiro emprego foi na Rua Toneleiros, em Copacabana, onde fazia coques ganhando 1 tostão por dia. Para ganhar mais resolve trabalhar de empregada-doméstica numa casa onde a patroa tocava piano. Carmelita se entusiasma e resolve aprender violão, carregando-o debaixo do braço na travessia da barca Rio-Niterói.

Entre 1936 e 1937, Carmelita frequenta o auditório da Radio Ipanema, onde ia assistir à orquestra do maestro Napoleão Tavares. Através de uma amiga, fica sabendo que precisavam de empregada na rua Gustavo Sampaio, no Leme. O dono da casa era Francisco Alves, que a contrata. Certa noite o cantor promove um encontro entre artistas na sua casa, e Francisco pede que Carmelita cante para os convidados, cantando “Camisa listrada”, de Assis Valente. Carmen Miranda uma das convidadas, ficou encantada com o que ouviu, logo sentenciou “Menina, você promete!”. Foi nessa época, com o apoio de Francisco Alves, que ela começou a frequentar programas de calouros em rádios e participar como corista em gravações de nomes famosos da MPB. Certo dia se inscreve como caloura no Programa de Ary Barroso, na Radio Cruzeiro do Sul, onde canta “Bonequinha de sêda”, sucesso de Gilda de Abreu, tirando 5, a nota máxima.

Em 1937, cantando no Clube Aliança, conheceu o compositor Henricão (Henrique Felipe da Costa) com quem formou dupla na música e na vida. Foi ele que sugeriu o nome artístico “Carmen Costa” e com quem iniciou sua carreira profissional, em 1938, apresentando-se em feiras e amostras pelo Brasil, como a do Arraial do Rancho Fundo, em Juiz de Fora, MG. Em 1939, apresentou-se com Henricão numa feira de amostras na Praça XV, no Rio de Janeiro, ao lado de grandes cantores da época (Carmen Miranda, Aurora Miranda, Alvarenga e Ranchinho, Irmãs Pagãs, entre outros).

Com Henricão, formou dupla até 1942, chegando a gravar com ele alguns sucessos como: “Onde está o dinheiro?”, do próprio Henricão, “Dance mais um bocado”, dele e Príncipe Pretinho e “Samba, meu nego”, de Buci Moreira e Miguel Bastos.

Em abril de 1942, se lançou em carreira solo, gravando o primeiro disco (78rpm), pela Victor, lançando a valsa “Está chegando a hora”, versão feita por Henricão, Rubens Campos e Carmen Costa {não creditado} da música mexicana “Cielito lindo” (Quirino Mendoza y Cortés), que se tornou um grande sucesso dos carnavais. “Ai, ai, ai/ Tá Chegando a hora/ o dia já vem/raiando meu bem/ eu tenho que ir embora”. Também neste disco e com igual repercussão, Carmen gravou o samba “Só vendo que beleza {Marambaia}”, de Carmen Costa (não creditado), Henricão e Rubens Campos.

Em 1944, Carmen Costa voltou às paradas de sucesso ao dar voz à malícia sensual de “Xamêgo”, parceria do então desconhecido Luiz Gonzaga (1912 – 1989) com Miguel Lima, autor da letra da música inicialmente intitulada “Vira e mexe”.

Nesse mesmo ano (1944), Carmen Costa, Radamés Gnattali, Nelson Gonçalves, Nuno Roland, Quatro Ases e um Coringa, entre outros faziam parte do elenco fixo de artistas do Copacabana Cassino Teatro, do Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, gerenciado pelo diretor-artístico barão Von Stuckart. Nesse ano o diretor convida Dorival Caymmi para ser a atração principal daquela temporada no grill-room do Cassino, colocando a sua disposição todo o elenco fixo, onde Radamés Gnattali fica responsável pelos arranjos e regência da orquestra, com a nata dos músicos da época (1). O espetáculo “Jangadeiros”, com repertório de composições do baiano fica em cartaz por dois meses.

Em novembro de 1945, casou-se com o norte-americano Hans Van Koehler. Depois de viajar pelo exterior, fixou residência em Nova Jersey, por dois anos. Em 1947, quando morava nos EUA, fez show no Teatro Triboro, em Nova York. Viajou pela América do Sul, apresentando-se em Caracas (Venezuela) e Bogotá (Colômbia).

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