Chico Science, presente!

Por Paulinho Sacramento:

Eu morava em Higienópolis, na zona norte do Rio de Janeiro e tinha 19 anos, o ano era 1994 e no dia 15 de abril assisti pela primeira vez Chico Science e Nação Zumbi no palco do Circo Voador.

Como o universo sempre foi maravilhoso comigo, em 2004 eu estudava cinema, já fazia meus filmes independentes e fui convidado pela querida Maria Juçá – que é diretora do Circo, para ser coordenador da área de vídeo da lona, lugar que trabalhei até meados de 2010 e filmei centenas de shows. 

Poderia escrever por horas sobre todos os shows do Nação Zumbi que capturei por lá, mas hoje vou focar no Chico Science, uma figura emblemática e importante na minha formação cultural e profissional, por inúmeros motivos, mas principalmente por conta de suas performances potentes e descontraídas. 

Francisco de Assis França, o Chico Science, infelizmente faleceu dia 02 de Fevereiro de 1997, quando foi levado para os braços de Orum, após um brutal acidente de carro. Com shows explosivos e discos repletos de grandes canções, Chico Science pintou o país com as cores de um dos mais importantes movimentos musicais brasileiros a cruzarem a fronteira do underground para o mainstream. 

Fã da música de James Brown e Kurtis Blow, representantes do soul-music e do hip-hop norte-americano, em 1987, Chico formou seu primeiro grupo musical, o “Orla Oribe”, um conjunto de black music, que acabou antes de completar um ano. Em seguida, criou a banda “Loustal” (homenagem ao quadrinista francês Jacques de Loustal), que fazia uma mescla do rock dos anos 60 com o soul, o funk e o hip-hop. Em 1991, Chico Science conheceu o grupo afro de percussão de Olinda “Lamento Negro. Com a fusão do Loustal e o Lamento Negro surgiu ao grupo “Chico Science e Lamento Negro”, que depois foi batizado com o nome “Chico Science & Nação Zumbi”.

25 anos depois, Chico e o Mangue Beat estão por toda a parte, não só de Recife e Pernambuco, como do Brasil e talvez do mundo. Chico está no cinema pernambucano, pelas ruas do Brasil, na aspereza do dia a dia, no que é dito e no que é gingado, gritado, entoado. Chico Science viu um mundo novo, onde a lama e o caos se tocaram suavemente à tecnologia que os transportou pelo planeta. Foi o gênio cujo guarda-chuva acolheu toda uma comunidade.

Chico está no Mundo Livre S/A que acaba de lançar um belo álbum novo; está na própria Nação Zumbi, nas bandas Eddie e Monbojó, no cantor Otto e China e na cantora Karina Buhr, no Planet Hemp, na Família Beco do Reggae, entre vários outros grupos culturais espalhados pelo país.

Em cada invenção contemporânea que carrega em si seus ancestrais, lá estará Chico Science e com toda a certeza, 25 anos após de sua morte, ele segue vivo para a eternidade. 

Um passo a frente e você não estará mais no mesmo lugar.  

Chico Science, vive!

*Paulinho Sacramento é Cineasta, Artista residente do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Gestor Cultural e Diretor do Rio Mapping Festival e da Casa de Cultura Saravá Bien.

Parafraseando: Hypeness, Revista Fórum, Agência Brasil.

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