Por Francis Ivanovich:
Fui pesquisar sobre a criação do fim de semana, a nossa querida dupla dinâmica Sábado e Domingo, encontrei que eles se tornaram dias de descanso semanal remunerado – muita gente trabalha sábado e domingo, vale lembrar – como resultado da luta operária surgida na Inglaterra depois da Revolução Industrial, no início do século 19″, afirma a historiadora Zilda Gricoli Iokoi, da Universidade de São Paulo – USP. De fato, sem luta a gente não conquista nada nesta vida repleta de conflitos e necessidades.
Hoje te escrevo para desejar um fim de semana repleto de alegrias, caso seja possível.
Sábado é o dia campeão para mudanças. Aquele caminhão estacionando no portão, bem cedo, e a gente embalando e carregando cacarecos e utensílios para a nova casa. Já mudei tantas vezes que eu poderia fundar uma empresa de mudanças.
Sábado é um bom dia para passear com as crianças – não tem escola – ir ao parquinho, à pracinha com escorrega e pipoqueiro, ou levá-las ao teatro para ver Rapunzel jogando suas tranças do alto da torre.
Sábado é um bom dia para dar uma geral no carro, aquele capricho, que nunca curti, aliás o mundo dos motores nunca foi o meu forte, nunca me interessei, mas fico admirado como há pessoas que tratam um carro como se fosse um ente vivo e querido.
Ah! os cães! O sábado combina de levá-los ao banho, a tosa, a compra da ração, como posso me esquecer do Dexter, o cão nervoso que só de ouvir da minha boca a palavra “bainho”, tremia mais que gelatina.
O Sábado também combina com ida inevitável ao supermercado, com o seu companheiro ou companheira. O ritual das prateleiras, os debates sobre preços, marcas, e o carrinho cada vez mais pesado, indo na direção da bandeirada de chegada da conta do cartão de crédito.
O sábado também combina com batizados, festas de aniversários dos amigos e amigas dos filhos, as bodas de prata, ouro e diamantes (cada vez mais raras). Haja papo furado, conversas sobre o tempo, trânsito, futebol e a qualidade dos salgadinhos. O sábado é dia certo das amenidades e intrigas sociais.
O sábado também combina com os encontros de namorados apaixonados, as paqueras nos bares, e desencontros. É dia de rever colegas da faculdade e do trabalho, esbarrões inesperados dos separados, a procura desenfreada dos desesperados e desesperadas por companhia.
Finalmente chega o domingo. Dormir até tarde; a pelada com churrasco da rapaziada; ida à missa ou ao culto (sem bandeira); praia é coisa certa; Maracanã templo sagrado; o almoço da família e dos amigos, o passeio com a família ou ver o pôr do sol de algum ponto bonito da sua cidade.
E quando a noite do domingo chega, a gente escuta aquela musiquinha do programa do Fantástico, como um despertador estridente a nos avisar que a segunda-feira está de pijama, reiniciando a nossa luta incansável pela sobrevivência contra os famintos boletos com seus códigos de barra pesada.
Essa aparente mesmice e senão um calendário repleto de surpresas, a graça da nossa vida comum. A gente nunca sabe como será a semana seguinte, nem se estaremos outra vez neste mundo. O certo é que lá na frente, se tudo correr como dita o cotidiano, chegará sexta-feira, o portal que se abre para os mágicos sábado e o domingo.
Raiará de novo no horizonte das nossas vidas, esses dois sois pintados de infância e vida, quando poderemos respirar um pouco mais livre contra a opressão dos mercados e da Receita.
Depois de refletir sobre isso, só posse te desejar um lindo fim de semana. Aproveite!
Eu não sei se vou aproveitá-lo, pois aqui eu só escrevo, todo santo dia, eu que me tornei escravo desse ofício tão solitário.
Francis Ivanovich é jornalista e produtos cultural.