Economia criativa como forma de geração de renda

Por Marcus Gatto:

É possível crescermos de forma mais sustentável e menos dependente de fatores externos, mas a forma para conseguirmos isso carece de algumas explicações.

Até a década de 1950, a base da economia era a produção agrícola, principalmente das conhecidas monoculturas (café, açúcar, algodão e por aí vai). É neste período que  o Brasil começa a mudar seu estrato econômico, de um país extrativista para um industrializado ao longo dos 20 anos seguintes.

Enquanto isso, no mesmo período, uma revolução silenciosa se iniciava em países desenvolvidos. Em 1965, surgiu o termo Economia da Cultura, criado por William Baumol e William Bowen nos EUA. Outros estudos surgiram para entender o impacto da cultura na formação dos  PIBs de vários países e sua transversalidade com outros segmentos da economia formal. 

A economia da cultura só entrou na pauta nacional com o Programa de Desenvolvimento da Economia da Cultura (PRODEC), em 2006, mas até os dias atuais ainda não é encarado como um indicativo importante da economia. Continuamos presos a uma visão arcaica, atrasada, presa a um consumo de produtos. 

Precisamos entender que a economia da cultura engloba  toda a produção cultural, seus fazedores e serviços ligados a ele, seus elementos simbólicos tangíveis e intangíveis.

Em uma visão mais contemporânea, incorporou-se a este setor a economia criativa, que é o conjunto de atividades relacionadas à produção e distribuição de bens e serviços onde a matéria prima é o conhecimento, o saber, seja ele individual ou de grupos, sendo eles: a publicidade, arquitetura, editorial, rádio e TV, design, cinema, música, serviços de software e computador, jogos de computador, design de moda, artesanato, artes performáticas e mercado de artes e antiguidade.

Segundo dados da FIRJAN do ano de 2019, a economia da cultura representou 3% do PIB nacional, cerca de R$171,50 bilhões de reais, gerando 6,6 milhões de empregos, mas os números ainda são subestimatimados. 

Quando entendemos a cultura como mercado, investimos em uma commodity de grande valor agregado, pois trata-se de algo único, que proporciona a geração de turismo, consumo de artesanato, da gastronomia local, de saberes existentes apenas naquela localidade. Estes saberes influenciam em uma série de outros produtos, como a moda, a arquitetura, o design, a forma de se viver e consumir.

Todos estes elementos somados são a riqueza de uma nação, que podem ser aproveitados de forma mais sustentável e com a criação de um mercado diferenciado e único. 

Sim meus amigos, cultura gera emprego. Culture-se.

*Marcus Gatto é produtor cultural.

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