Premiado no I Concurso Nacional de Dramaturgia Flávio Migliaccio, em 2021, peça inédita de Antonio de Medeiros, conta a história de Adriana, que, no dia em que decide experimentar seu vestido de noiva, é surpreendida por Jorge, o noivo, que chega em seu apartamento disposto a romper com o noivado.
Desesperada com os acontecimentos que se sucedem, após uma reação extremamente impulsiva, as amigas Marina e Verônica entram em cena para ajudá-la a lidar com uma crise inesperada, que só piora quando o foco das discussões gira em torno do tempo que essa amizade perdura. “Quando elas se dão conta que a amizade caminha para uma certa cristalização, quando as relações tendem a se burocratizar, elas percebem que está na hora de recriar os laços que as mantêm juntas por anos. O estoque de lembranças precisa ser atualizado”, destaca o crítico e produtor Pedro Alonso.
Nas palavras do autor, “essa peça tem três mulheres muito fortes, que falam abertamente sobre sexualidade, medos e sororidade. Ao mesmo tempo, é um texto bem divertido. O humor permite a entrada em qualquer tema e, sem perceber, nos coloca em uma posição crítica do que estamos rindo, ou seja, permite uma reflexão de si mesmo e do outro”. Medeiros classifica sua obra como “uma comédia-delírio, pois a cena que abre a peça é, praticamente, um monólogo em tom de devaneio da personagem principal, que reflete sobre o ato violento que cometeu ao saber do fim do seu noivado.
Nesse texto inicial, ela reflete sobre a histórica e injusta culpa colocada nas mulheres, desde os tempos bíblicos”. Adriana invoca uma série de personagens femininas, que carregaram uma culpa que hoje é questionável, “porque as grandes narrativas foram escritas por homens. E Adriana é cirúrgica quando lembra que, se o biólogo da época fosse uma mulher, a aranha viuva-negra, com certeza, não teria esse nome” destaca Alonso.
A comédia carrega em seu DNA uma forte inspiração nas personagens femininas de Pedro Almodóvar. “É um texto que aborda questões do universo feminino com muitos momentos de humor e lirismo”, destaca Medeiros.
LEITURA DRAMATIZADA DE “O TRABALHO DAS ARANHAS”
Texto e direção de Antonio de Medeiros
Co-direção e produção: Pedro Alonso
Elenco: Cheila Oliveira, Isley Clare e Renata Morenno
Arte: Ana Brito
Sábado, 11.02
Horário: 16h
Tempo de duração: 1h10
Ingresso promocional: R$20
Rua do Rezende, 14, Lapa
O evento é produzido por Pedro Alonso autor do site Olhar Crítico: