Por Francis Ivanovich:
Devo ao companheiro Paulinho Sacramento, potente cineasta e artista digital, a flechada que tomei no meu coração, que foi a descoberta da música indígena contemporânea. Inclusive ele escreveu excelente artigo que está publicado neste link-blog. Simplesmente, revolucionária. Ouvir os sons originais desta terra manchada de sangue escravizado, através de artistas Katu Mirim, Nelson D, Brisa Flow, Kunumi MC (foto acima), Kaê Guajajara, Iam Wapichana, entre outros originais artistas, foi revelador, salvador.
O diálogo corajoso com o contemporâneo, o urbano, sem jamais abrir mão de uma sonoridade identitária, um grito verde regenerador. Você reconhece a fusão sem preconceito com gêneros como o Hip Hop, Funk, MPB, entre outros, sustentados por um canto profundo e doído, que emerge da floresta da autenticidade. Uma riqueza musical estupenda, comprovando como é absurda, medíocre, a concepção de pureza racial nesta vida.

Falo com orgulho que na minha família o sangue índio e negro estão presentes, e quando ouço e sinto essa música intransigente, vejo o rosto da minha neta Nalu Anahy, que hoje faz 6 anos, e da minha amada sobrinha Hanna, duas índias brasileiras que me dão esperança de um país liberto dos trogloditas da mentira e dos garimpeiros da morte.
A música indígena Contemporânea é mais do que luta, voz da resistência, é assinatura autêntica do que somos, quem somos, e desejamos ser, seres humanos a viver em paz, em comunhão com a Terra, num país cujo hino e a bandeira é justiça social.
A música indígena contemporânea me encheu de esperanças, meu coração acolheu-a com o seu pulsar de vida e liberdade. Impressiona os temas abordados por essa música, temas que nos atravessam por todos os lados, como flechas sagradas que voam.
Só posso dizer ao amigo Paulinho: Aûîé!!!
(obrigado em Tupi)
Francis Ivanovich é autor, jornalista, diretor de teatro e cinema, criador e produtor do prêmio nacional de dramaturgia Flávio Migliaccio.