O site 247, em matéria do jornalista Paulo Moreira Leite, realizou entrevista com o professor da USP, José Miguel Wisnik (foto e vídeo acima), autor de estudos obrigatórios sobre música e literatura, onde afirmou ao 247, que a cultura brasileira tem novos sujeitos – músicos, poetas e escritores da periferia das cidades e que, pela primeira vez, ocupam o centro da cena para falar de seu mundo, com sua linguagem e uma visão própria de seus problemas.
“O primeiro álbum do Racionais-MC é um marco histórico, assim como foi o espetáculo do Emicida, ‘AmarElo’, no Teatro Municipal de São Paulo”, diz Wisnik, referindo-se ao endereço onde, há exatamente 100 anos, comemorados na semana passada, os filhos de fazendeiros do café, de industriais e banqueiros de São Paulo promoveram a Semana de Arte Moderna.
Autor de um artigo original e grandioso sobre o modernismo, “Semana de 22 ainda diz muito sobre a grandeza e a barbárie do Brasil de hoje” (Folha de S. Paulo, 12/2/2022), no depoimento ao 247 Wisnik passa a limpo os principais personagens do período, Oswald de Andrade e Mário de Andrade.
Afirma que a noção de antropofagia cultural, criada por Oswald para definir a evolução cultural de brasileiros e brasileiras, permanece como uma visão coerente. Definindo a sambista Elza Soares (1930-2022) como “expressão total da antropofagia popular”, Wisnik está convencido que o mesmo conceito domina o debate político e cultural do país de nossos dias. “Em 2022, o Brasil está espremido entre a alta e a baixa antropofagia”, afirma, numa referência incisiva ao momento político.
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