Que “fé” é essa?

Por Ierê Ferreira:


Um pouco do que tenho pensado para onde estamos indo. O mundo mudou, sabemos! Sabemos também que nós não mudamos tanto assim como o mundo. Estamos sob influências de lideranças religiosas e políticas que conduzem muitos de nós a investir tempo e muito dinheiro na “fé” deixando de lado a ciência, educação, saúde, cultura e lazer.

É muito dinheiro mesmo! Olha o tamanho dos templos e a quantidade de gente que nem se dão as mãos, nem se olham e quando olham não se veem. Se você tem “fé” você vai ofertar tudo que tem para provar sua “fé” e nada mais importa.
Na porta do templo que um dia já foi um cinema na Cinelândia a fome, miséria e o flagelo são barrados pelos seguranças que na “fé” são quase voluntários ali. E lá na favela espera que sua “fé” e oferta ajude a resolver seus problemas de saúde, educação dos seus filhos e a falta de recursos básicos.


Esses dias nas redes sociais eu ouvi um padre da igreja católica dizer que se tem muitas igrejas é que o povo deveria ser mais humano, mas não é bem assim, né?

Aqui no Brasil, parte do povo elegeu para o cargo de presente um ex capitão condenado, armamentista, homofóbico, racista, que em nome de Deus, pátria e família disse em rede nacional que tinha que matar uns trinta mil. Um crime ignorado pela imprensa e por parte do povo que acreditou nessas e em outras propostas criminosas do inominável. Que tomou para si a bandeira e a camisa da seleção Brasileira polarizando o povo em uma guerra ideológica.

Separando famílias, amigos de infância, pais e filhos seguindo a lógica do fascismo e do nazismo. Quase quatro anos depois tivemos as novas eleições majoritárias, mesmo com a máquina do poder nas mãos e lançando na disputa todos os recursos do povo em benefício próprio, o ex-capitão perdeu.

A frente ampla das ciências, educação e cultura somada à coragem das mulheres que haviam sido amplamente atacadas pelo ex-capitão, deram conta de derrubar o que seria um desastre para o mundo. O atraso em tempos modernos e pandêmicos.

Demos um passo para o futuro. Agora o futuro se apresenta em forma de Copa do Mundo que a FIFA entregou a um país futurista sem tradição com esportes erguido pelo capital que não respeita as diferenças. Um país que escraviza, discrimina e mata mulheres, homens e até crianças em nome de Deus. É a cultura do Catar, país da copa de 22.


Nós amamos este esporte chamado futebol e sabemos que ele pode transformar ideologias. Mas será que não é o futebol que está sendo transformado? Para onde estamos indo? Qual será o caminho?

Já é quase Natal e uma nova cepa da COVID me pegou. Mesmo eu já tendo tomado todas as doses da vacina, me pegou. E bagunçou meu corpo já um pouco frágil e com comorbidade. Mas também pode te pegar porque você não se vacinou.

Não aceitou o resultado das eleições e ficou nas ruas, na chuva e nas estradas atrapalhando a vida alheia, pagando de patriota pateta no atraso do para-choque de um caminhão, seguindo sem saber onde parar. Batendo continência para um pneu, pedindo intervenção armada militar.

Para onde vamos?

Será que é Natal, lockdown ou carnaval?

*Ierê Ferreira é fotógrafo e produtor cultural e integrante do Núcleo Saravá Cultural PT.

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